Os Migrantes Cortadores de Cana do Vale do Jequitinhonha: entre a superexploração e a resistência.

Nome: CLAUDILENE DA COSTA RAMALHO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 26/06/2014

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
LUIZ JORGE VASCONCELLOS PESSÔA DE MENDONÇA Examinador Interno
RAQUEL SANTOS SANT'ANA Examinador Externo
RENATA COUTO MOREIRA Orientador

Resumo: O presente objeto, desta dissertação, é a superexploração dos trabalhadores rurais, do Vale do Jequitinhonha, no período em que estão migrando para o corte de cana. Nas últimas décadas, no Brasil, o agronegócio vem prevalecendo como modelo de desenvolvimento da agricultura, focado na produção de comoditties agrícolas para exportação, pautado na superexploração da força de trabalho e dos recursos naturais. Neste contexto, um dos setores brasileiros que mais se expandiu foi o sucroalcooleiro, inserindo o Brasil, mundialmente, como um dos maiores exportadores de açúcar e de agrocombustíveis. Propagando um discurso de produção de combustível limpo e renovável, o agronegócio canavieiro possui os menores custos na produção de açúcar e álcool do mundo. Porém, é importante destacar que a energia limpa e renovável ocultam os pesados custos sociais, principalmente as condições de trabalho que cortadores de cana são submetidos no eito dos canaviais. Para tanto, reproduz, com forte presença do Estado e capital estrangeiro, a posição de país dependente na Divisão Internacional do Trabalho. Nesse sentido, parte-se da hipótese que, com o avanço da expansão e modernização no setor, vem intensificando, a violação de direitos, degradação, adoecimento e morte dos cortadores de cana, em sua maioria, migrantes. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é apreender e refletir a superexploração dos trabalhadores rurais do Vale do Jequitinhonha, que migram temporariamente para o corte de cana, sob a égide do aprofundamento da dependência. Por meio de uma ampla análise de dados e informações coletadas em pesquisa bibliográfica documental (relatórios, fotografias, atas de audiência, dentre outras), procurou-se apreender contradições presentes no agronegócio canavieiro. Levou-se em conta o contexto de reprimarização da economia e aprofundamento da superexploração da força de trabalho. Buscou-se também investigar, por sua vez, como os trabalhadores, cortadores de cana, vêm criando formas de resistência, sendo a greve de Guaranésia um exemplo apresentado. Assim, evidencia-se por um lado, o aprofundamento da expropriação de suas condições de reprodução e a superexploração da força de trabalho, criando uma massa de trabalhadores do Vale do Jequitinhonha, que migram temporariamente para trabalhar como cortadores de cana. Por outro lado, em um contexto de crise do capital e de aprofundamento da dependência, é a existência dessa massa de trabalhadores migrantes, que possibilita a expansão canavieira e recoloca o agronegócio sucroalcooleiro em destaque, na pauta de exportação. Desta forma, conclui-se que, na atualidade, vem se acirrando a superexploração do trabalho dos cortadores de cana, principalmente dos migrantes, tanto no lugar de origem e quanto destino, sendo indispensável fortalecer e dar visibilidade aos mecanismos de luta e resistência desses trabalhadores.

Palavras-Chave: Agronegócio canavieiro, superexploração do trabalho, migrantes temporários.

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