A mercantilização dos alimentos e a acumulação ampliada de capital: a produção agrícola e o abastecimento alimentar na atualidade brasileira

Nome: RAUL RISTOW KRAUSER
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/03/2019

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
LEILE SILVIA CANDIDO TEIXEIRA Examinador Externo
MAURICIO DE SOUZA SABADINI Examinador Interno
RENATA COUTO MOREIRA Orientador

Resumo: A presente dissertação parte da problemática contemporânea relacionada à fome e a subnutrição que atingem importante parcela da população mundial, tal problemática é anterior ao modo de produção capitalista, e apesar do avanço das forças produtivas e do aumento da produção de alimentos não houve superação, ao contrário, houve e há um aprofundamento da fome e dos problemas relacionados à alimentação. Tal contradição motiva esta pesquisa, que teve como referência de método o materialismo histórico dialético e como
metodologia de estudo utilizamos fontes bibliográficas e dados secundários realizando um movimento de aproximações sucessivas em relação ao objeto central, a mercantilização dos alimentos e o sistema de abastecimento alimentar. Através desta pesquisa identifica-se que o alimento no modo de produção capitalista assume a forma de mercadoria em que seu valor de uso está subordinado à valorização do valor, portanto, o alimento tornou-se meio de acumulação ampliada de capital. Além disso o alimento é um item fundamental para a reprodução da força de trabalho, sendo um insumo biopolítico para o desenvolvimento do capitalismo em que sua lógica de produção e consumo ensejou o surgimento de regimes alimentares, o primeiro centrado na Inglaterra no fim do século XIX, o segundo no modelo intensivo norte-americano pós segunda guerra mundial e o terceiro, o regime alimentar corporativo, associado ao neoliberalismo. O desenvolvimento destes regimes
repercutirá sobre o abastecimento alimentar no Brasil, tornando este país
um grande produtor mundial de alimentos ao mesmo tempo que a escassez de alimentos e a fome são situações permanentes no cotidiano da população brasileira. À partir de 1999 com a crise cambial, busca-se novamente no setor agroexportador a solução para o equilíbrio do balanço de pagamentos, tal processo terá mudanças importantes na produção agrícola brasileira, dentre os quais destacamos a concentração da produção em um número menor de estabelecimentos agropecuários, a redução da produção per capita de alimentos destinados ao consumo interno, a expansão em área colhida e produção obtida das culturas destinadas ao mercado externo, em especial a soja, cana-de-açucar e o milho. Estas mudanças na produção agrícola se apresentam como expressões das leis gerais de desenvolvimento capitalista e contribuem para o aprofundamento da problemática relacionada à alimentação, de modo que a contaminação dos alimentos e suas consequências, a subnutrição e a fome não significam desenvolvimento insuficiente do capitalismo, ao contrário, são manifestações das contradições geradas por este modo de produção.

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