TERRA ARRASADA, UTOPIAS DIGITAIS: HISTÓRIA E IDEOLOGIA NO VALE DO SILÍCIO

Nome: ARNON MANHÃES CEOLIN
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 16/12/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LÍVIA DE CÁSSIA GODOI MORAES Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDEMILSON CRUZ SANTANA JUNIOR Examinador Externo
GUSTAVO MOURA DE CAVALCANTI MELLO Examinador Interno
LÍVIA DE CÁSSIA GODOI MORAES Orientador
RAFAEL GROHMANN Examinador Externo

Resumo: Há algumas décadas, a região do Condado de Santa Clara, na Califórnia estadunidense, tem se provado como um dos principais polos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do mundo. Lá, no então chamado Vale do Silício, grandes corporações associadas à Internet e à indústria de hardwares e softwares computacionais surgiram e se expandiram, como a Microsoft, a Apple, a Intel e a Google. Mais recentemente, apareceram a Facebook, o Twitter, e a Uber, todas elas gestoras de tecnologias decisivas para reprodução da sociedade contemporânea. O que este trabalho analisa, num primeiro momento, é o sistema de ideias libertárias que emergiu junto com a ascensão da Internet e dos computadores pessoais na década de 1990, ideias que se preservam até os dias atuais para fins de legitimação política dessas corporações e de suas respectivas tecnologias. Eis o que aqui se denomina ciberlibertarianismo do Silício, um sistema ideológico formado pelo determinismo tecnológico característico dos gestores tecnológicos somado a um amálgama de fragmentos das utopias dos movimentos comunalistas, contraculturais e oriundos da New Left com injuntivas do libertarianismo laissez-faire estadunidense. Para melhor descrevê-lo, foram analisados cinco fenômenos que sintetizam a origem do ciberlibertarianismo do Silício e que ainda se mostram influentes na contemporaneidade: o colonialismo ciberespacial de John Perry Barlow e da Electronic Frontier Foundation (EFF), o otimismo midiático de Louis Rossetto e Kevin Kelly por meio da revista WIRED, a economia da dádiva do festival Burning Man, o cripto-anarquismo cypherpunk de Timothy May e a apologia empreendedora de George Gilder e da Progress & Freedom Foundation (PFF). Na segunda parte da dissertação, alguns dos pressupostos do ciberlibertarianismo do Silício são postos em xeque e uma janela se abre para a análise da formação histórica do Vale do Silício enquanto instrumento estratégico de defesa da soberania estatal estadunidense em um século marcado por grandes guerras mundiais. Nesse sentido, trabalha-se com a tese de que a formação do sistema tecnológico do Vale do Silício derivou de um amplo esforço de mobilização de orçamentos públicos de guerra, processo que remete aos primórdios da colonização do oeste aurífero e à territorialização do estado californiano no século XIX e
que se prolonga por todo o século XX, época em que surgiu o mais importante
investidor anjo do Vale do Silício: o complexo militar-industrial.

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