TECNOLOGIA, FETICHE E IDEOLOGIA: UM ESTUDO SOBRE NON-FUNGIBLE TOKENS
Nome: EDUARDO SANTOS MAIA
Data de publicação: 26/07/2024
Banca:
Nome |
Papel |
|---|---|
| BRUNO HOFIG | Examinador Externo |
| DANIEL PEREIRA SAMPAIO | Examinador Interno |
| EDEMILSON CRUZ SANTANA JUNIOR | Examinador Externo |
| GUSTAVO MOURA DE CAVALCANTI MELLO | Presidente |
| MAURICIO DE SOUZA SABADINI | Examinador Interno |
Resumo: A novidade do tema e a pequena divulgação fora de círculos especializados tornam os nonfungible tokens (NFTs) algo ainda misterioso e que carece de materialidade. À pergunta: o que são NFTs?, é adotada a sua caracterização como ativos criados digitalmente que podem representar objetos virtuais ou não, que são registrados em um blockchain, transacionados por
meio de criptomoedas e protegidos com uso de criptografia. A pesquisa se vincula a uma perspectiva classista, como esforço intelectual de enfrentamento e defesa da superação da ordem capitalista, se inserindo nas lacunas de conteúdo e abordagem sobre o tema. O propósito é efetuar uma contribuição aos acúmulos existentes que igualmente assumem a perspectiva da
classe trabalhadora para pensar uma sociabilidade distinta da atual. Logo, faz-se necessário posicionar os NFTs dentro da sociabilidade capitalista, como objeto surgido em um contexto específico, em condições determinadas e com valores político-ideológicos subjacentes. O esforço para compreender fenômenos específicos da contemporaneidade pode revelar pistas que ajudem a compreender o sistema capitalista como um todo. Em outras palavras, os NFTs oferecem uma oportuna forma de lançar luz sobre o capitalismo contemporâneo por meio da articulação entre o desenvolvimento tecnológico recente e a tradição teórica iniciada por Marx. O objetivo da tese é investigar os encadeamentos entre novas tecnologias, fetiche, alienação e ideologia capitalista a partir do fenômeno dos NFTs. Nesse processo, serão desenvolvidas reflexões críticas sobre as categorias fetichismo, alienação e ideologia, a fim de se compreender o processo pelo qual os NFTs, enquanto exemplo de nova tecnologia, correspondem a um fetiche e, dessa forma, contribuem com a reprodução da ideologia capitalista. Como hipótese de trabalho, buscou-se verificar se, e em caso positivo, de que forma as tecnologias que se apresentam como revolucionárias dentro do marco capitalista conformam a sociedade capitalista ao exacerbar as relações sociais dominantes e contribuir na reprodução de sua
ideologia, a partir do caso dos NFTs. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que cumpriu as funções de fundamentar o objeto e posicionar a pesquisa de forma crítica às visões correntes. O esquema de leituras sucessivas, partindo das leituras de reconhecimento até as leituras interpretativas, atendeu à necessidade de discutir o tema de forma crítica e de interpretálo a partir de nossa posição e propósito. O arcabouço teórico se fundamentou na tradição marxista, com retomada de categorias e autores clássicos e articulação com autores contemporâneos. Por meio deste processo, foram identificadas as formas pelas quais os NFTs contribuem para a reprodução da sociedade capitalista. Os seus papeis discursivo e de propagação dos valores capitalistas caminham paralelamente às funções de viabilização de canais de valorização de capital e como momento de comodificação de objetos antes não mercantilizáveis. NFTs são, ao mesmo tempo, reflexo do modo capitalista e elemento que
reforça sua lógica, constituindo-se como fetiches.
