NA ONDA DA UBERIZAÇÃO DO TRABALHO: AS PERCEPÇÕES EM REDE DOS ENTREGADORES POR APLICATIVOS

Nome: ARTUR DE ANDRADE SANTOS

Data de publicação: 27/05/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA FREGNANI COLOMBI Presidente
DAVID SILVA FRANCO Examinador Externo
RAFAEL BELLAN RODRIGUES DE SOUZA Examinador Interno

Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as percepções dos entregadores/influenciadores do iFood sobre sua atividade de trabalho, com base nos vídeos que publicam em seus canais no YouTube, visando refletir sobre as condições de trabalho, as práticas gerenciais e as reivindicações. Na atualidade, as plataformas digitais assumem o papel de intermediadoras do
trabalho, impulsionando o surgimento do trabalho por aplicativo. Essas plataformas substituem em grande medida a gestão humana pela algorítmica, evidenciando a intensificação das máquinas na produção e no controle do trabalho. Nesse contexto, a partir dos conteúdos produzidos pelos entregadores/influenciadores no YouTube, a investigação revelou como eles são envolvidos na narrativa do empreendedorismo de-si e da flexibilidade laboral promovida pelo iFood, que retrata o trabalho por aplicativo como dotado de autonomia e liberdade em contraste com a rigidez da CLT, rejeitada por eles. No entanto, as práticas gerenciais da empresa-aplicativo visam intensificar os processos produtivos, limitando a autonomia dos entregadores. Assim, observamos um movimento contraditório entre, por um lado, reforçar a autonomia da profissão a ponto de desresponsabilizar as empresas nos momentos de incerteza e violência envolvidos na rotina de trabalho, mas, por outro lado, reconhecer práticas de
controle e gerenciamento que os tornam “escravos” das empresas e os fazem reconhecer e legitimar as ações coletivas de resistência, ainda que se digam contra os sindicatos. Essas contradições indicam que se trata de uma dura realidade marcada pela precariedade do trabalho e vida, mas que ainda está em disputa. Afinal, mesmo que o capital – representado aqui pelo
iFood – tenha poder de convencimento ideológico em torno da dimensão autônoma da profissão, os trabalhadores demonstram capacidade de reconhecer a precariedade como regra e a flexibilidade como promessa.

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