Desenvolvimento Econômico Chinês contemporâneo e transformações na sociedade

Resumo: O processo de desenvolvimento econômico chinês pode facilmente ser compreendido como o maior e um dos mais rápidos processos de modernização verificados entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Em cerca de cinquenta anos, localizados na segunda metade do século XX, esta nação verificou notável avanço das forças produtivas, modernização de sua infraestrutura tecnológica, de transportes e de irrigação (e, por decorrência, ampliação da área agricultável em seu território). Cerca de 850 milhões de chineses deixaram a linha de pobreza, atingindo a meta do 13° Plano Quinquenal (2016-20), e 653 milhões emigraram para as cidades. Segundo dados do Banco Mundial, em 2000, 49,8% da população encontrava-se abaixo da linha internacional de pobreza, percentual que decresceu para 5,7% em 2015. Atualmente, cerca de 50% da população desfruta da vida urbana, percentual próximo de 10% em meados do século passado. Contudo, embora tais conquistas sejam digna de nota, ainda são muitos os desafios e contradições existentes naquele país, relacionados não somente à questão econômica, mas às questões colocadas ao dito “socialismo com características. chinesas” no âmbito de uma transição que gera enfrentamentos geopolíticos diversos, bem como tensionamentos internos e intrarregionais importantes. A evolução do percentual de chineses vivendo nas cidades entre 1960 e 2022 evoluiu consideravelmente, salientando que neste país, como averiguamos em visitas técnicas realizadas em 2011, 2012 e 2023, não são consideradas cidades as villages com aglomerados populacionais inferiores a oitenta mil pessoas. Destaca-se também que a urbe constitui o espaço predominante e recorrente em todas as formações socioeconômicas desde o século XIX, visto que não há processo de avanço das forças produtivas e correlata modernização dos padrões de consumo viável em escala ampliada sem as cidades. O desenvolvimento de um mercado interno robusto, como o objetivado pela cúpula do Partido Comunista Chinês (PCCh), também passa por este padrão de ocupação do espaço, sem o qual as continuadas taxas de crescimento do produto, como veremos adiante, não teriam sido alcançadas. Particularmente no campo de conhecimento das ciências econômicas, mas também da História, o advento das reformas ocorridas em fins da década de 1970 fora apresentado como uma notável revolução institucional no sentido de aproximação ao capitalismo, pondo “fim” às comunas populares e ao atraso em face do estabelecimento do Sistema de Responsabilidade Familiar (descoletivização das terras), das Townships and Villages Enterprises e das zonas econômicas especiais. Interessante notar que as análise feitas por intelectuais ocidentais sobre a China partem sempre do que poderíamos cognominar como “um olhar arrogante sobre o outro”, uma espécie de análise com fundo narcísico na qual os aspectos considerados positivos de uma experiência, ou de uma liderança, são aqueles que se aproximam do “self”, no caso, o Ocidente, a Globalização, a abertura e, no limite, o capitalismo, partindo daí determinados juízos apriorísticos que no fundo revelam reminiscências de Francis Fukuyama, em sua visão do liberalismo como o “espírito do tempo”. Deve-se notar que esta armadilha é recorrente também em frações existentes no campo dito de “esquerda”, que com seu purismo também insiste em analisar o caso chinês a partir de critérios próprios, cegando-se a este universo de instigantes possibilidades intelectuais. Como destacou Friedrich Engels na obra Anti-Duhring, “quem tenta reduzir a Economia Política da Terra do Fogo às mesmas leis que regem hoje [1878] a economia da Inglaterra nada conseguiria pôr a claro a não ser uns tantos lugares comuns da mais vulgar trivialidade. Assim, autores do campo liberal e mesmo progressistas da esquerda reformista ou revolucionária, insistem em definir a partir de si, do Ocidente, esta notável experiência histórica chinesa, deixando pouco espaço para a compreensão de como os próprios chineses viveram (e vivem) esta realidade, e como a concebem. Reconhecemos que há aqui uma dificuldade fática, que é o idioma, visto que autores relevantes não foram traduzidos para outras línguas, ou simplesmente não reverberaram para além da China.

Data de início: 13/06/2024
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador ROGÉRIO NAQUES FALEIROS
Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910